(...)
II
Um homem
com um espelho (feito
um segundo esqueleto)
embutido no corpo
não pode
bruscamente voltar-se para trás
não pode
juntar nada do chão
e quando dorme
é como um acrobata
estendido sobre um relâmpago
Um homem com um espelho
enterrado no corpo
na verdade não dorme: reflete
um vôo
Enfim, esse homem
não pode falar alto demais porque os espelhos só guardam
(em seu abismo)
imagens sem barulho
III
Carregar um espelho
é mais desconforto que vantagem:
a gente se fere nele
e ele
não nos devolve mais do que a paisagem
Não nos devolve o que ele não reteve:
o vento na copas
o ladrar dos cães
a conversa na sala
barulhos
sem os quais
não haveria tardes nem manhãs
Ferreira GULLAR!
Sobre várias perspectivas, além da própria imagem que queremos ver a nossa volta; mesmo que seja pálida, que seja silenciosa. É preciso ver também nesse texto o título, fascinante!
ResponderExcluir- O espelho do guarda-roupa -
Ou seja, além de sermos o que vestimos, queremos ser imagem e semelhança do que reflete!
rsrsr
Um bom poema, crítico! ... é GULLAR!!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLindíssimo querida!!
ResponderExcluirLi e gostei, Te sigo(só não vi a lista de seguidores)!!... se puder, visita minha página, seria uma honra tê-la como seguidora.
PAZ!!!!!
Ele é maravilhosoooooooooooooooooo!!!!
ResponderExcluirExcelente bom gosto o seu!
Um abraço!