De um ano para cá, veio-me o fascínio em completar a coleção
Quintana! Comecei bem, com A Vaca e o Hipogrifo. Não acreditei na idade em que esse homem
chegou, nem como poderia ser de uma poesia tão atualizada, em tempos como hoje.
Continuei assim minha feliz caminhada em busca do Mario
Quintana!
Recentemente, ganhei a obra Esconderijos do Tempo... E que
susto eu tomei quando descobri que o Quintana, em especial nesse livro, não só
falava do tempo, silêncio ou da morte... Ele escreveu sobre mim!
ELEGIA NÚMERO ONZE
Não, não é uma série de pontos de exclamação
é uma avenida de álamos...
E o que, e para quem, clamariam então?!
Deserta está a cidade.
Todas as avenidas, todas as ruas, todas as estradas, atônitas
se perguntam se vêm ou se vão...
Em nada lhes poderiam servir esses postes de quilometragem:
estão apenas desenhados, como num mapa.
Ah, se houvesse uns passos, ainda que fossem solitários...
Se houvesse alguém andando sozinho.., e bastava! São os
passos
- são os passos que fazem os caminhos.
Deserta está a cidade.
Se houvesse alguém andando sozinho
para ele se acenderiam então, como um olhar, todas
as cores!
Porque a cidade está cega, também.
O que não é visto por ninguém
não sabe a cor e o aspecto que tem.
A cidade está cega e parada com a descor de um morto.
Porque tudo aquilo que jamais é visto
- não existe...
é uma avenida de álamos...
E o que, e para quem, clamariam então?!
Deserta está a cidade.
Todas as avenidas, todas as ruas, todas as estradas, atônitas
se perguntam se vêm ou se vão...
Em nada lhes poderiam servir esses postes de quilometragem:
estão apenas desenhados, como num mapa.
Ah, se houvesse uns passos, ainda que fossem solitários...
Se houvesse alguém andando sozinho.., e bastava! São os
passos
- são os passos que fazem os caminhos.
Deserta está a cidade.
Se houvesse alguém andando sozinho
para ele se acenderiam então, como um olhar, todas
as cores!
Porque a cidade está cega, também.
O que não é visto por ninguém
não sabe a cor e o aspecto que tem.
A cidade está cega e parada com a descor de um morto.
Porque tudo aquilo que jamais é visto
- não existe...
(Esconderijo do Tempo - 1980)